sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Educação fariana


As bases do pensamento pedagógico defendido pelas FARC-EP remontam aos tempos da Independência, ao pensamento bolivariano que posteriormente foi desenvolvido com propriedade por Marti e posto em prática na atualidade pelo Estado Socialista Cubano.

No pensamento de Bolívar, a universidade deveria preparar integralmente os estudantes, que deveriam cursar obrigatoriamente a língua francesa e inglesa, gêneros literários e ciências físicas. Bolívar se esforçou para que a universidade fosse o centro de estudos da realidade nacional, dos problemas essenciais e concretos dos jovens sul-americanos. O decreto bolivariano sobre a criação da universidade na cidade de Quito considerava, além do estudo das mais importantes línguas europeias, o ensino do idioma indígena Quechua.

A atividade de Bolívar na esfera da educação se baseou na concepção de um estado avançado com seus habitantes bem letrados, o qual realizaria uma política dirigida a educar seus cidadãos no espírito de uma moral elevada e de ideais patrióticos. Para criar um estado baseado nos princípios de associação, a educação e ilustração das massas estavam nos planos de Bolívar.

O estudo da obra do Libertador no campo da educação conduz inevitavelmente a Simon Rodriguez. A educação por meio do trabalho e a educação dentro da produção laboral foi a premissa didático-pedagógica que Bolívar compartilhou com Simon Rodriguez, seu mestre e amigo: para o desenvolvimento da mesma em final de 1825, Bolívar emitiu o decreto sobre a designação de Simon Rodriguez como diretor geral para assuntos da educação popular no recém criado Estado da Bolívia. 

Em Roma Bolivar, jura a Rodriguez libertar a América da Espanha.

No ápice da atividade pedagógica reformadora de Rodriguez, ele criou uma escola experimental na cidade boliviana de Chuquisaca, com o princípio de desenvolver uma educação por intermédio do trabalho. Nela estudaram e trabalharam centenas de brancos, índios e mestiços, homens e mulheres. 

Rodriguez se esforçou para educar pessoas de um novo tipo, não apenas úteis para a sociedade, mas também unidas por ideais sociais comuns. Rodriguez quis criar um sistema de educação que não se limitaria simplesmente a instrução dos alunos, mas além disso prepará-los para a sociedade, baseando-se nos princípios de associação e solidariedade. 

Na criação da nova escola, Simon Rodriguez viu um meio efetivo de evitar que na América Latina, as classes dominantes encurralassem em casas de trabalho as massas de gente pobre e despossuída. 

Conhecendo as concepções pedagógicas de Bolívar, seu apaixonado compromisso com as ideias gerais de educação popular, é impossível perceber o grau de influência delas nos magnânimos ideais de Rodriguez. Não é casual que seu trabalho sobre os problemas de sua pedagogia, “Sobre a instrução pública”, foi escrito, como se supõe, em 1825, ou seja, em um período de frutífera colaboração de Bolivar com seu mestre e amigo. 

Os intentos de estabelecer a educação popular para garantir a transformação social, técnica e moral dos homens fracassaram, a ela se impôs a escola tradicional. Esta proposta de educação tem raízes profundamente populares e humanistas que não foi do agrado das elites, principalmente dos comerciantes. A educação popular democrática e sem distinção de qualquer condição social, orientada para a capacitação social igualitária, por meio do trabalho, para todas as crianças e jovens da República, ricos ou pobres, foi vista com horror. 

Simon Rdriguez foi pioneiro na combinação do estudo com trabalho. Bolivar foi um defensor do ensino da ciência e da formação do espírito científico. Ele compreendia com clareza como o fanatismo e a ignorância conduz ao atraso, a miséria, a opressão e ao servilismo. 

O conceito bolivariano sobre as finalidades da educação defendem que elas devem adequar-se com a idade, iniciações, gênio e temperamento das crianças. Considera que o ensino da História e dos idiomas deve principiar-se pelo contemporâneo. O ensino de geografia, cosmografia e estatística também seriam importantes. 

O Libertador era contrário aos castigos corporais e se mostrava adepto dos métodos que estimulassem o aluno a superar-se. A educação deveria ser integral e planejada.
A educação, para as FARC-EP deverá ser gratuita, popular e democrática, sem distinção de nenhuma condição social, orientada a uma capacitação igualitária, por meio do estudo-trabalho e investigação, como conceberam Simon Rodriguez e Bolívar! Todas as alterações devem ser discutidas incluindo o debate sobre a escola e a sociedade colombiana. A escola deve ser dialogada, democratizar o saber, compartilhar culturas. Entre os elementos metodológicos práticos, está o trabalho sobre o pensamento político e História colombiana e pré-colombiana, apreensão e reconhecimento da realidade concreta para de acordo com ela definir a forma e os conteúdos que devem ser ensinados. 

Outros objetivos são criar um idioma comum a todos os latino-americanos, proteger as línguas indígenas, socializar o conhecimento universal, superar o analfabetismo, ilustrar as massas, e retomar o pensamento de intelectuais americanos como Bolivar, Marti, Mariategui, Simon Rodriguez, Antonio Garcia, para pensar criticamente sobre a realidade colombiana e mundial. Todas as academias científicas devem interagir, através de uma Instituição Coordenadora. 

Acima colocamos o que nos chamou a atenção sobre as ideias sobre educação que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia- Exército do Povo defenderam na publicação Nueva Colombia, nª 3, em dois textos, denominados “Concepção bolivariana de educação, POPULAR!!” e “Apontamentos sobre o sistema educativo para o Novo Governo”. Vimos que as FARC-EP enfatizam a educação em suas lutas políticas. Outro exemplo de educação fariana foram as experiências dos cabildos populares nos municípios de Magdalena Medio, aonde a população construiu um segundo poder através de assembleias e fiscalização populares, e os projetos políticos ali criados eram difundidos de casa em casa. Em poucos meses, as atividades para-militares nesta região assassinou os ativistas políticos, voltando estes municípios ao poder monopolizado por políticos liberais e conservadores. 

As FARC-EP mostram, através de suas ideias sobre a educação, que integram a teoria com suas práticas, pois “las directrices y formas concretas de trabajo entre las masas no pueden ser las mismas em todos los periodos, circunstancias y lugares”!

Fonte: http://geaciprianobarata.blogspot.com.br/2014/11/educacao-fariana-verbete.html